Resumo

O Instituto Nacional de Reforma Agrária - INCRA vem implantando nos últimos anos projetos de reforma agrária (assentamentos) que visam o desenvolvimento agrícola regional, bem como, a conservação dos recursos naturais existentes. Porém, estas áreas disponibilizadas para a implantação destes projetos, em sua maioria, não oferecem condições de sustentabilidade para as pessoas que ali se estabelecem. Sabe-se que a implantação destes projetos influencia na estrutura florestal dessas áreas. A fitossociologia é uma importante ferramenta para conhecimento da biodiversidade, pois os levantamentos de espécies constituem a base de qualquer estudo comprometido com avaliação correta do valor de um ecossistema, sua conservação e gerenciamento. A avaliação do potencial florestal de um ecossistema baseia-se, principalmente, nas informações sobre o valor desses produtos para a sociedade. Neste rabalho são discutidos aspectos da Fitossociologia e Uso múltiplo das espécies de remanescente florestal de um Projeto de Assentamento (PA) para reforma agrária. O estudo foi conduzido em lotes de terras localizadas no Ramal Manápolis pertencentes ao PA, localizados em terras dos municipios de Rio Preto da Eva e ltacoatiara, na microrregião 010 - Médio Amazonas. Para representar a variabilidade existente na área experimental, foram estabelecidas aleatoriamente seis parcelas amostrais de um hectare em diferentes lotes de terra (sítios). As análises fitossociológicas foram realizadas tendo como base os dados coletados no inventário florestal. Depois disso, foram feitas pesquisas para definir o uso múltiplo das espécies encontradas no estudo. O conjunto de resultados obtidos indicou que a área florestal estudada dos lotes de terra do PAl apresenta uma alta diversidade florística no componente arbóreo (índice de Shannon-Weaver igual a 4,68). Observou-se que o povoamento é caracterizado pela concentração de uma grande quantidade de indivíduos e espécies em poucas famílias botânicas. A floresta remanescente apresentou espécies com potencial madeireiro e não madeireiro, para a utilização pela comunidade; a ocorrência de mais da metade das espécies com, pelo menos, dois usos revelou a importância de estudar as suas funcionalidades para a melhoria da qualidade de vida dos comunitários, o que deve ser considerado em um plano de manejo florestal comunitário sustentável. Na seleção de espécies para o manejo deve ser incluido o critério de uso múltiplo das mesmas, escolhendo-se, assim, a melhor destinação socioeconômica para as espécies.