Resumo

Na pesquisa foi analisada a complexidade das interações inseto-planta e estratégias adaptativas na espécie Hirtella myrmecophila Pilg. em área de campinarana na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, localizada na BR-174, Km 37, no município de Manaus. Foi realizado o levantamento dos indivíduos de Hirtella myrmecophila em 1 ha, subdividido em retângulos adjacentes de 10x250m, onde foram coletadas amostras como: distância entre os indivíduos, altura das plantas, folhas sãs e folhas injuriadas. A análise de dados foi feita através da comparação entre a variedade e freqüências dos insetos presentes nas domácias, distribuição e altura dos indivíduos de H. myrmecophila. As médias foram submetidas a análises de variâncias e teste de médias através do programa estatístico SISVAR versão 5.1 (Ferreira, 2007). As médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Foram encontrados 17 indivíduos de H. myrmecophilla, com altura entre 0,5 e 3,0 m. A distribuição dos indivíduos dentro dos quatro retângulos delimitados foi bastante irregular: No primeiro retângulo foram encontradas 10 plantas com distância média de 25,11m; no segundo retângulo foi encontrado apenas um indivíduo; e nos retângulos 2 e 3 foram encontrados 3 indivíduos, em cada, com distância média de 93,33m. No interior das domácias foram encontrados ácaros, besouros e duas espécies de formiga. A relação entre as duas espécies de formigas encontradas, uma espécie do gênero Allomerus e uma espécie do gênero Crematogaster, foi perceptivelmente menos harmoniosa, visto que só foram encontradas juntas em uma mesma domácia enquanto larvas, não sendo verificados adultos de Crematogaster. A freqüência de formigas adultas de Allomerus nas folhas com injúrias foi relativamente baixa em comparação com a freqüência encontrada nas amostras de folhas sãs, entretanto a quantidade de larvas foi bastante alta. Foram encontrados diferentes graus e tipos de injúrias nas folhas como: cloroses, escoriações no limbo e domácias secas. A prioridade de investimento de energia das plantas mirmecófitas está na produção de adaptações que auxiliem em sua defesa, sendo essa relação ditada em função da pressão de herbivoria. Os sistemas mirmecófitas-formigas são extremamente complexos e envolvem diferentes espécies e diversos níveis de interação. A associação entre formigas e plantas é um dos melhores exemplos de interações mutualísticas, sendo fundamental na compreensão da complexidade das estreitas relações formadas, e têm contribuído muito para o entendimento de processos de co-evolução em florestas tropicais.