Resumo

O presente trabalho teve como objetivo estudar os parâmetros de estrutura e dinâmica populacional de tartarugas (Podocnemis expansa), tracajás (Podocnemis unifilis) e iaçás (Podocnemis sextuberculata) da região do Médio Amazonas e rio Juruá/AM através de manejo extensivo de ovos, filhotes e adultos por comunidade, em função de terem servido ao homem, há muito tempo como um importante recurso alimentar e atualmente como exploração predatória. Foram usados, inicialmente, pelas populações tradicionais como fonte alimentar e, mais tarde, pelos portugueses e espanhóis, que durante o período colonial perturbaram grandes tabuleiros a fim de conseguir animais e seus ovos que também foram utilizados em grande escala como óleo para cozinhar e iluminar. (Salvetti, 2005). Quelônios do gênero Podocnemis são utilizados como matéria-prima para cosméticos e sua carapaça ainda serve como bacia, sua pele é boa para fazer tamborins e algibeiras para guardar tabaco (Salvetti, 2005). Contudo, faz-se obrigatório estudar os parâmetros de dinâmica populacional de quelônios, para assim buscar a elaboração de técnicas racionais de utilização deste recurso. Para a simulação de modelos matemáticos, foram baseados em dados reais de 29 anos de Projeto Quelônios da Amazônia e nove anos de Programa Pé-de-Pincha, que nos possibilitou avaliar melhor os estoques populacionais, estimando a estrutura e taxa de crescimento das populações de quelônios, e analisando, em vários cenários, a possibilidade de explorá-las, gerando renda para o ribeirinho, sem acabar com o recurso e evitando o êxodo rural. Sendo assim, o modelo de curva para explicar o crescimento populacional de quelônios em áreas protegidas é o de Von Bertallanfy (r2= 20,1% e P=0,167), sendo o crescimento populacional máximo (k) estimado em 207.889 animais (tartarugas, tracajás e iaçás) por calha de rio, com taxa de crescimento anual (r) igual a 0,8313. Y = 187014 (1 – e -0,8313 t). Portanto, conclui-se que a população de quelônios no rio Juruá apesar do tráfico ser intenso, continua crescendo. Em 13 anos de proteção constante é possível manejar quelônios em vida livre, evitar com isso o êxodo rural e gerar renda para as comunidades ribeirinha.